Grande parte do meu tempo livre é dedicada a séries de
TV. Assisto muitas, sim. Por isso venho aqui listar – e indicar – algumas que assisto hoje em dia. Meus estilos favoritos são as séries com
teor sobrenatural, suspense e algum nível de horror ou então séries históricas
ou inspiradas em personagens históricos. Essa será a primeira parte de uma
sequência temática de indicações.
Penny Dreadful
Começo
com a minha favorita do momento e que fica radiante sobre o mais alto dos
pedestais: Penny Dreadful. A série é produzida pela Showtime (Dexter, Homeland)
e sua primeira temporada estreou em maio do ano passado, 2014. A premissa da
série é reunir alguns personagens clássicos da literatura gótica e criar novas
tramas para vivenciarem. Entre eles estão Victor Frankenstein e sua Criatura
(Mary Shelley) e Dorian Gray (Oscar Wilde), além de personagens inspirados na
literatura, como Sir Malcolm Murray, pai de Mina Murray de Drácula (Bram
Stoker), que não existe no livro, além da melhor amiga de Mina, Vanessa Ives. A
princípio essa premissa se parece muito com A Liga Extraordinária, e podemos
fazer paralelos entre quase todos os personagens de ambas histórias. Sir Malcolm
Murray é um explorador com continente africano, exatamente como Allan
Quatermain, há um jovem aventureiro norte-americano chamado Ethan Chandler que
pode ser facilmente comparado ao Tom Sawyer da versão cinematográfica da Liga e
Mina Murray e Dorian Gray estão em ambas as tramas. A expectativa dos fãs de
Penny Dreadful é, inclusive, que Dr. Jekyll e Mr. Hyde apareçam em algum futuro
próximo.
Terminadas
as comparações, vamos à série em si. Os primeiros três episódios da primeira
temporada não me passaram firmeza. Foram fracos e ainda não era possível
definir o grau de semelhança com a Liga. A partir do quarto episódio a série
começou a mostrar todo o potencial maravilhoso que tem. A partir dai começamos
a conhecer bem a Criatura de Frankenstein que, assim como nos livros, é
maravilhosamente retratado. A série consegue captar toda a essência do
personagem, o transformando em um de seus pontos altos. Outro ponto alto é
Vanessa Ives, uma mulher confusa e que luta para descobrir seus poderes e
potencial. A atuação de Eva Green para essa personagem está simplesmente
fenomenal.
Todos
os personagens da série são bem trabalhados, apesar de não haver tempo para
aprofundar cada um deles como gostaríamos. A segunda temporada, que supera a
primeira, traz em sua trama a questão da bruxaria, que é retratada com a maior
seriedade que já vi em alguma série. Esqueça American Horror Story – Coven,
esqueça Salém. Penny Dreadful é uma “série séria”, leva todos os seus assuntos
com o maior respeito e não há lugar para cenas ou temas mais descontraídos ou
subvertidos, como nas outras séries citadas. É uma série que respeita a
literatura que retrata e o faz com maestria. É lindo de se ver. Um dos
primeiros episódios da segunda temporada retrata a jornada de Vanessa para e
para aprender sobre si mesma e a controlar seus poderes espirituais. Vanessa
tem como mentora uma bruxa “Daywalker”, ou seja, uma bruxa que usa seus poderes
para o bem. O contraste com as bruxas “Nightcrawler”, que trabalham a serviço
de Satanás é maravilhoso, e com certeza esse é meu episódio favorito da série
até o momento.
A
primeira temporada de Penny Dreadful possui um total de 8 episódios e a segunda
10 episódios. Devo avisar que a série tem seu próprio ritmo, um andamento
desacelerado e muito sensível, é um trabalho artístico e pode ser considerado
lento para quem não está acostumado. A verdade é que tudo acontece em seu
tempo.
Assista se gosta de: literatura gótica, suspense, clássicos de horror da Universal e a estética do séc. XIX.
Assista se gosta de: literatura gótica, suspense, clássicos de horror da Universal e a estética do séc. XIX.
Bônus pra trilha de abertura que é sensacional (composta por Abel Korzeniowski).
The Americans
Vamos
agora a minha série histórica favorita: The Americans. Criada pela FX, a série
estreou em 2013 e conta, até o momento, com três temporadas. A trama se passa
durante a Guerra Fria, mais especificamente na década de 1980 e retrata a vida
de um casal de espiões soviéticos que vivem nos Estados Unidos. Philip (Matthew
Rhys) e Elizabeth (Keri Russel) vivem no país já há muitos anos, casados e com
dois filhos. A série retrata como o casal executa suas missões secretas em meio
a uma vida pacata do American Way of Life
(seus empregos “oficiais” são de agentes de viagens) e as dificuldades que
encontram em esconder essa vida secreta de todos ao seu redor, principalmente
seus filhos. A situação começa a ficar mais complicada quando na casa ao lado
se muda uma nova família. O pai dessa família, Stan Beeman (Noah Emmerich) é um
a gente da CIA cuja missão é nada menos do que combater a ameaça soviética.
Assim
sendo, durante as três temporadas existentes até o momento, acompanhamos as
missões secretas do casal, seu relacionamento – inclusive a amizade entre Stan
e Philip – com seus vizinhos e subtramas incluindo outros personagens que são
interessantíssimas. The Americans não é uma série fácil de se compreender. Suas
missões – sendo do casal soviético ou da CIA – são muito complicadas e
detalhadas, e é necessário prestar muita atenção nos detalhes que nos são
apresentados. Também é necessário, claramente, algum conhecimento sobre esse
período histórico. Muitas das tramas que surgem durante a série são
relacionadas a momentos específicos dessa guerra, como, por exemplo, na
terceira temporada quando Elizabeth e Philip se envolvem em missões
fundamentais para o andamento da Guerra do Afeganistão de 1979 a 1989.
Algo
interessante nessa série, diferente das maiorias dos filmes que retratam a
Guerra Fria, é que não exatamente um “partido” tomado pela produção. Nós
expectadores nos vemos torcendo pelos dois lados do jogo, nos afeiçoamos por
todos os personagens e é muito difícil ver uma dualidade onde um lado sejam
mocinhos e o outro vilões. É tudo um jogo de poderes e ambos os lados tem seus
crimes e suas virtudes.
Cada
uma das três temporadas de The Americans tem 13 episódios e a quarta temporada
deve estrear por volta de maio ou abril de 2016.
Assista se gosta de: História, espionagem, Guerra Fria, cultura russa (há diversas falas em russo além de elementos culturais) e de uma boa série inteligente.
Assista se gosta de: História, espionagem, Guerra Fria, cultura russa (há diversas falas em russo além de elementos culturais) e de uma boa série inteligente.
Bônus:
The Americans levou o prêmio de melhor série de drama no Critic’s Choice TV
Awards neste ano, por sua terceira temporada.
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